2 de julho de 2013

Senta que lá vem resenha: The Last of Us

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Poucos jogos te seguram tanto, te fazem ter vontade de continuar a história cheia de tensão e impacto. Poucas histórias tocam seu coração a ponto de você torcer pelos personagens a cada passo, se importar com eles e se interessar pelas suas histórias, felizmente é exatamente o que a Naughty Dog fez com The Last of Us.

Joel e Ellie
O game tem um grande foco em sobrevivência, com muita tensão, ação, drama e também horror. É um mundo pós-apocalíptico em que um fungo originado das formigas transformou as pessoas em infectados (não, não são zumbis mortos-vivos para sua informação), elas podem ser Runners (Corredores, na tradução) que é o estágio inicial e se algum te ver prepare-se para engajar um combate brutal e Clickers (Estaladores) um nível mais evoluído do fungo, faz com que o Infectado fique com tipo uma casca na cabeça, em consequência disso causa cegueira, porém a audição é amplificada. Com isso, podemos jogar tijolos ou garrafas em outro lugar do cenário e assim atrair a atenção do Estalador pra outro lugar e passarmos ilesos, caso contrário ele pode matar o personagem rápido e sem dar chance de se defender caso não tenha alguma arma corpo-a-corpo.

Outro aspecto interessante de se abordar é que o combate funciona extremamente bem, o jogador pode agir nas sombras e eliminar seus inimigos sorrateiramente ou pode ativar o modo dane-se e sair baleando e espancando todo mundo, seja com suas mãos ou com algum pedaço de madeira, cano, taco de baseboll ou machado que encontrar. Sem contar que quando você está agachado calculando como agir, seja com inimigos humanos ou infectados, a tensão é crescente e a sua vontade de sobreviver, mesmo sendo um jogo, também é, pois nos apegamos aos personagens.

Sim, isso é "ingame".
A inteligência artificial está incrivelmente bem desenvolvida, os personagens te ajudam nas horas de aperto, avisando o que vem pelos lados e pela retaguarda, te dando munição extra quando encontram alguma, e até mesmo cuidam de inimigos por si só, tirando Ellie, que apenas os distrai por alguns momentos deixando aberta a possibilidade de acertar eles pelas costas.

Algo legal que os inimigos tem é a interação em combate, seja conversando entre eles ou tentando intimidar Joel. Uma vez eu fiquei sem munição no meio de um tiroteio e minha arma fez o som característico de "click click", na mesma hora um dos caçadores gritou, para meu desespero: "Agora você tá morto, imbecil!".

Esse é um aspecto bem especial do jogo, é o jeito humano que os personagens agem (com alto nível de expressão em seus rostos), o jeito que eles conversam entre si durante o jogo. A coisa acontece tão naturalmente que você até vai perder a atenção do que acontece em volta pra ouvir o que eles falam, isso acontece principalmente nos pontos de diálogos de Joel e Ellie, onde aprendemos mais sobre eles e também nos divertimos.

Uma coisa que não chega a ser um problema, é que quando um diálogo inicia-se, podemos zanzar pelo cenário que mesmo assim os personagens continuarão a conversa, mesmo estando ligeiramente distantes um do outro, isso é mais um aspecto técnico do game do que erro.
Algo interessante de se medir é como nossos dois protagonistas, praticamente dois opostos, se relacionam muito bem e criam um laço muito especial. Joel, um homem que presenciou o mundo antes de ser devastado e Ellie que nasceu com o mundo destruído e não sabe nada sobre. É extremamente interessante ver os dois conversando sobre como era o mundo e ainda mais legal ver as reações da Ellie ao descobrir, por exemplo, o que são carros de sorvete e como eles funcionavam.


O lado humano também é muito explorado, todos tem suas motivações para agir, sejam os aliados ou inimigos, no caso caçadores e os combates sempre tem justificativa para acontecerem, deixando tudo amarrado. E tudo é ainda melhor aproveitado através dos exuberantes gráficos que o game tem, arrisco dizer até que é um dos melhores que vi pro PS3, justamente por tudo ser muito vivo, colorido, cheio de detalhes, a imersão do jogador no mundo de Last of Us torna-se ainda melhor, sem esquecer o nível de beleza da água e se como ela se mexe quando um personagem mergulha ou arrasta algo.

A roupa dos personagens e suas feições são extremamente detalhadas, uma coisa legal é que quando Joel se machuca, sangue é mostrado em seu braço e ao curá-lo com um kit médico, uma bandagem ficará no lugar. Quando há neve, a roupa e o cabelo dos personagens ficam cheios dela, e vão sumindo de acordo com o tempo. Sendo um game da Naughty Dog estes detalhes são de praxe, pela qualidade dos games que tem em sua história.

A soundtrack também pontua o tom melancólico que o game tem, apesar de ser muito pouco usada, pois o jogo aproveita-se do clima de tensão, descartando músicas que poderiam atrapalhar ao ouvir ruídos dos inimigos deixando somente o jogador e sua concentração tomarem conta. A música aparece somente nos momentos de mais ação, tensão e drama, e justamente na medida certa, tornando isso algo incrível.

Agora a dublagem, mais precisamente a do nosso país, que é praticamente uma das melhores que já vi em qualquer jogo (como eu disse aqui) Luiz Carlos Persy/Troy Baker (Joel), Miriam Ficher/Annie Wersching (Tess), Júlio Chaves/W. Earl Brown (Bill), Mauro Ramos/Robin Atkin Downes (Mauro faz algumas vozes além do personagem Robert) e infelizmente não consegui identificar a dubladora brasileira da Ellie, que em inglês é a ótima Ashley Johnson... mas quero dizer que todos merecem os mais sinceros parabéns, pois deram vida aos personagens de uma forma linda de se ver.

Minha única crítica nesse quesito é para a dublagem brasileira, algumas vezes parece muito sistemática, dando na cara que estão lendo as falas, outra coisa é que muitas falas são baixas demais (Sony não aprendeu com os erros na dublagem do God of War: Ascension) e em mais uma, a que achei a maior bizarrice, Joel chama um garoto que está junto dele de "garota", duas vezes. De início eu achei que fosse somente na legenda, mas ao ouvir isso saindo da boca do dublador, fiquei meio perplexo, infeliz falta de atenção da equipe de produção do game.

O multiplayer, apesar de ser bem simples é igualmente divertido. Logo de início escolhemos uma das duas facções (Vaga-lumes ou Caçadores), e a partir daí a coisa começa, são dois modos de jogo: Suprimentos e Sobreviventes.

A primeira é um clássico team deathmatch, nosso objetivo é eliminar a equipe adversária e manter nosso grupo vivo, há um sistema de 20 reforços, cada renascimento de player diminui um, e quando isso chega no 0 a partida entra em morte súbita. No outro a partida é composta por sete rodadas e se você morrer já era, não há renascimento.


Podemos unir nossa conta com o Facebook e então todos os nossos amigos se tornam personagens do nosso clã do multiplayer, eles aparecerão fazendo coisas, como consertando a cerca, caçando, etc.

Ganhando ou perdendo alguma partida (que simula 1 dia) recebemos suprimentos para o clã, o jogador e seu grupo precisam sobreviver por exatas 12 semanas. Também teremos pequenas "missões" para proteger nosso grupo, o jogo oferece diversas coisas, como matar um jogador usando tal arma, ou em tal mapa. É algo bem divertido e diferenciado, mais um ponto interessante pro game.

Concluindo... não é um game que vai causar revoluções épicas e legendárias no mercado, mas faz uso exatamente como se deve em todos os estilos que ele se propõe a aproveitar. Tudo em The Last of Us foi feito com o maior cuidado para ser algo inesquecível, natural... uma história de pessoas que tentam sobreviver a todo custo num mundo que não é mais o mesmo em meio a altos e baixos e através disso, a história de Joel e Ellie, dois humanos, se tornou algo especial.

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