7 de abril de 2015

Senta que lá vem resenha: Better Call Saul (1ª temporada)

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 Desde que Saul Goodman surgiu em Breaking Bad eu rapidamente gostei do personagem até que ele virou o meu favorito de toda a série. Fiquei mais do que feliz em ver que teríamos um spin-off de BB, um pouco receoso, como muitos, mas no fim isso se provou um medo passageiro. CUIDADO, esta resenha tem spoilers!


 Better Call Saul é uma série americana de drama (com um pouco de comédia), criada por Vince Gilligan e Peter Gould. A série conta a vida do simples advogado Jimmy McGill (Bob Odenkirk), seis anos antes do personagem aparecer como Saul Goodman em Breaking Bad, foca na sua origem e em como Jimmy irá tornar-se Saul.

 Jimmy McGill é um homem que vem de um histórico de golpes, mas que agora tenta seguir no lado limpo da lei atuando como advogado, tudo para orgulhar seu irmão Chuck McGill (Michael McKean). Nós vemos, conforme a série desenvolve-se, que Jimmy era conhecido como "Jimmy Sabonete", pois ele sempre aplicava esquemas e ganhava uma grana fácil.


 Depois que ele se muda da cidade natal e vai para Albuquerque trabalhar com o irmão, ele decide rumar para uma vida mais limpa. Ele faz de tudo para manter-se nos trilhos, pois sabe que seu passado está ali e também sabe que Chuck está de olho nele. Jimmy também conta com a ajuda de Kim Wexler (Rhea Seehorn), sua amiga e por muitas vezes aquela pessoa que tenta ajudar os amigos da melhor forma possível.

 Mas, parafraseando Michael Corleone: "Quando eu penso que eu estava fora, eles me puxam de volta!". Foi exatamente o que aconteceu com Jimmy em sua trajetória de "advogado justo", quando tudo o que ele fez no mundo foi ajudar o irmão (já vamos chegar nisso), apoiá-lo. O próprio Chuck revela que não tem fé em Jimmy, que ele sempre seria o Jimmy Sabonete e que com um diploma obtido em uma faculdade online, nunca poderia ser um advogado de verdade.

 A partir disso, o mundo de Jimmy começa a ruir, pois uma das únicas pessoas que importavam pra ele, estava na verdade o golpeando pelas costas. Pois Chuck impedia Jimmy, pelas suas costas, de entrar na maior empresa da advocacia de Albuquerque (esta que Chuck é sócio), Hamlin, Hamlin & McGill.

 Detentor de uma doença chamada "Hipersensibilidade Eletromagnética", Chuck não consegue sair de casa pois não pode ter contato com nada que se alimente de energia elétrica. Por isso, Jimmy o ajuda de todas as formas possíveis, faz compras, traz o jornal, conversa com ele. É realmente para o espanto de todos que essa forma de Chuck impedir o sucesso do irmão, é o que impulsiona a criação de Saul Goodman.


 Eu tenho uma teoria, acredito que toda essa "situação" de Chuck começou logo quando Jimmy disse que conseguiu se formar em Direito na faculdade online. Ele não conseguiu aguentar o impacto que isso teve, para ele, o irmão não merece pois não batalhou para estar ali, sempre vai ser aquele cara que aplica golpes e nada mais. Isso mexeu profundamente na relação dos dois, pois Jimmy se espelhava no irmão.

 Irônica a aula de lei e moral que Chuck deu a Jimmy, sendo que o mesmo foi o autor de uma das mais dolorosas facadas nas costas que eu já vi.

 Na série também temos Mike (Jonathan Banks), um dos personagens mais queridos de Breaking Bad, conhecido pela sua habilidade de chutar bundas. Além dessa série contar a origem de Saul, também estamos vendo a origem daquele Mike braço direito de Gus Fring.


 Aos poucos, o mesmo vai adquirindo trabalhos e ficando mais conhecido em Albuquerque, seja pelas pessoas "aleatórias" como também pelo próprio Jimmy. É legal ver que até a origem de Mike antes de chegar na cidade foi abordada, toda a história dele com seu filho foi um dos pontos altos da série.

 Após o impacto monumental que foram as palavras de Chuck, Jimmy decide voltar para sua cidade natal e passa uma semana com seu antigo amigo Marco (Mel Rodriguez) aplicando os antigos esquemas. Podemos até ver a dupla em ação num golpe totalmente detalhado sobre a moeda de Kennedy, que tem seu rosto virado para o Oeste, observando uma nova fronteira.

 Ao final, Marco diz que essa foi a melhor semana de sua vida e mesmo Jimmy não tendo concordado, sabemos muito bem que essa também foi a melhor de sua vida. Podemos até interpretar que os dois lados da moeda são os dois lados da vida de Jimmy. Oeste é o seu futuro e Leste o passado.


 Quando ele volta para Albuquerque no final do episódio, temos um take bastante inteligente mostrando o personagem principal encarando o leste, que representa o passado, de acordo com a explicação da moeda de Kennedy, ou seja... O lado errado. Então ele volta e entra em seu carro.

 Ao questionar Mike sobre o que é certo e errado, o mesmo diz que ele não mais vai praticar uma decisão "correta", como foi quando devolveu dinheiro roubado por um casal para as autoridades. Ele sabe muito bem o que o parou naquele momento e que nunca mais vai pará-lo.

 Para finalizar, todos os atores da série caíram como luvas em seus respectivos papéis, as técnicas de filmagem e escrita de Gilligan, junto com Gould deixam tudo ainda mais prazeroso de assistir. Essa série se mostrou ser uma ótima surpresa para os fãs de Breaking Bad. Cheia de qualidade, tende a ficar ainda melhor.


 A semente Saul Goodman está plantada, a união do Jimmy advogado com o Jimmy "golpista" Sabonete aos poucos é completa e quem sabe, veremos como ele se torna um dos mais espertos personagens de Breaking Bad. Nos vemos na segunda temporada!

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