14 de julho de 2016

RoboCop 2: Uma sátira sobre Hollywood

3 comentários :
 Após ler e absorver diversas informações sobre RoboCop 2, decidi que está na hora de fazer jus a este filme, será que ele merece mais atenção do que todos dão?

 Como sequência da análise do meu filme favorito: RoboCop, que você pode ver clicando no título do filme, venho aqui com uma interessante interpretação de sua sequência e acredito que vai deixar vocês surpresos, vamos lá!


 O RoboCop em si é uma metáfora às franquias de filmes de ação enquanto a OCP é uma metáfora dos estúdios de filmes.

 No começo do filme entendemos que o Robo é um sucesso enorme. Como ele se tornou tão popular, a companhia quer criar desesperadamente um "RoboCop 2" para aproveitar a fama e conseguir mais grana. Se você já viu o filme, vai se lembrar de uma cena em que os executivos da OCP assistem vários vídeos de protótipos para um segundo RoboCop, mas todos mostram-se totalmente ridículos. Toda essa cena foi designada como uma sátira aos estúdios e o processo de escolha deles. Se não conhece, você pode ver essa parte neste vídeo.

 O principal problema de RoboCop na primeira metade do filme é repercussão ruim dos grupos de pais sobre a sua natureza violenta. Isso faz com que a OCP, a pedido de grupo de Relação Públicas, adicione 300 novas diretivas que o tornam ridiculamente amigável, educado e nada violento. Isso leva a uma cena em que ele pega um grupo de crianças roubando uma loja e tenta dar um discurso moral cheio de gestos estranhos, parodiando aqueles desenhos antigos em que o herói dava uma "lição do dia" para as crianças no final dos episódios.


 Isso continua com RoboCop ficando cada vez mais ridículo em sua cruzada moral, até que ele força alguém a parar de fumar atirando em volta da pessoa. Claro, mais tarde após ser eletrocutado (e sofrer um reboot em seu sistema), ele consegue se livrar de toda essa lavagem cerebral e salvar a cidade.

 O mais cômico nisso, meu caro leitor, é que esta franquia acabou tornando-se uma vítima da sua própria sátira. O terceiro filme é a encarnação desta crítica. Justamente porque RoboCop 3 teve seu público alvo totalmente alterado de adultos para crianças, não que isso seja algo ruim porque vim a conhecer o Robo com este terceiro filme, mas é engraçado notar que ele próprio graças a Hollywood tornou-se um filme não violento em que sua parceira é uma criança genia. A famosa sessãodatardização.

 Agora sobre o vilão, Cain. Ele é uma sátira aos reboots mais obscuros e sérios.

 Cain é essencialmente o que aconteceria se alguém pegasse a origem do RoboCop (um policial brutalmente assassinado e ressuscitado como um ciborgue) e fosse forçado através de um processo mais sombrio e ousado, elemento este que tornou-se popular nos filmes dos anos 80 e 90.


 O vilão é um brutal vendedor de drogas que foi pego pelos policiais e teve seu cérebro ainda funcional tirado contra a sua vontade para ser usado em experimentos anti-éticos para ser montado como o famigerado RoboCop 2, tratado aqui como uma versão nova e melhor. Digamos que... um reboot do original.

 Intitulado RoboCain, ele é maior, incrivelmente cruel e psicótico, como ele não tem nenhuma limitação que RoboCop tem, o vilão não tem problema nenhum em matar qualquer pessoa (inocente ou não) e tem uma política de "atire primeiro, atire segundo, atire terceiro". Mas o que é mais medonho, é que RoboCain ainda é um viciado, já que sua energia é alimentada através da droga Nuke.

 RoboCop tem sua confiável metralhadora/pistola/canhão de mão enquanto o RoboCain tem garras, tocha de plasma, canhão de assalto e uma minigun.


 Ou seja, o Cain é a ideia de um reinício levada ao extremo. MAS como no final o RoboCop é quem sai vitorioso, podemos até dizer que isso seja uma crítica que manda a mensagem de que o original sempre será melhor que seu reboot.

 Após mentalizar tudo isso num texto, vejo que a sequência realmente merece muito mais atenção do que tem. O 2 não chega aos pés do filme original de 1987, mas não é um filme ruim. Graças ao roteiro de Frank Miller o filme acabou sendo uma sequência diferente mas ainda muito boa. Agora o 3? O 3 a gente só deixa ali no cantinho...

3 comentários :

  1. Não havia encarado este ponto de vista no filme, sempre gostei do Robocop, conheci o primeiro mesmo de primeira, rs, tinha uns 5, 6 anos quando vi a primeira vez... Hoje vejo que Robocop 2 pode ser visto tbm como o politicamente correto que tem de ser enfiado guela abaixo nos filmes, séries e até na própria polícia (Se tivesse um Robocp no Brasil, 300 diretrizes seriam pouca coisa... hahaha) pois hoje em dia, a lei está mais pro lado do criminoso do que do policial. Muito boa a análise, meus parabéns!

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  2. Muito obrigado pelo comentário! RoboCop 2 é bastante interessante e diferente do primeiro, a temática ainda continua a mesma, fazer críticas satirizadas. Muito bom encontrar mais um fã do Robo! :D

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  3. Assisti no cinema na época. Apesar de ser inferior ao filme de Paul Verhoeven, Robocop 2 teve boas ideias e é tão violento quanto o original. Robocain é sinistro como o cyborg antagonista em stop motion, e a droga Nuke foi um bom complemento na narrativa. Depois de 32 anos, ainda vale a pena dar uma conferida.

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