7 de setembro de 2016

Senta que lá vem resenha: Batman - A Piada Mortal

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 Uma das obras mais clássicas do universo DC. A Piada Mortal fala sobre dois homens que tiveram "um dia ruim" em suas vidas. Tudo que eles fizeram culminou-se a este momento. Batman entende que uma hora ele pode se encontrar tendo que cruzar a linha e matando o vilão, enquanto isto o Coringa quer provar que sua teoria de que "só precisamos de um dia ruim para ficarmos loucos" é verdade.

 O autor, Alan Moore, causa o conflito entre essas duas forças, nos mostrando o limite em que eles dois estão dispostos a chegar.


 Coringa acredita na loucura enquanto Batman acredita na lei e na justiça. É nessa historia que vemos o morcego pensando sobre a morte do vilão, enquanto o próprio pressiona ele e Gordon a ultrapassarem seus limites. Porque, afinal, esta é uma história de limites. Os limites do herói, do comissário e do vilão.

 Infelizmente, o filme nem sequer arranha a tensão ou o clima melancólico da história em quadrinhos. As falas estão lá , os cenários, os personagens, mas... faltou mais alma, mais dedicação para tornar esta historia uma das melhores animações do Batman. Infelizmente, acabou sendo uma das mais fracas.

 O filme tem 1h16min mas 28 minutos são dedicados à trama da Batgirl que não adicionou NADA para a Piada Mortal em si. O objetivo foi dar mais plano de fundo para a Bárbara, mas graças a este curta antes da verdadeira trama começar, a direção da Piada e da historia original de Moore se perdem e fazem o filme ficar cansativo.


 A partir daí a historia não é mais sobre dois homens que tiveram "um dia ruim", mas é sobre a Batgirl. Graças a estes 28 minutos de enrolação, a historia pareceu APENAS uma vingancinha do Batman pra cima do Coringa. Mas se não estava ruim o suficiente, temos uma cena de sexo entre Bruce e Bárbara que apesar de bem breve, já serve para pregar o caixão na história.

 Pro espectador que não leu a HQ e mesmo pra quem leu, a impressão que fica é que o Batman não vai atrás do Coringa porque sente que seus limites foram ultrapassados. Ele vai porque se envolveu com a Bárbara, quer dar uma lição no vilão por ter feito maldades com ela e apenas isso.

 Entendo que todos esses 28 minutos foram feitos para ninguém ir "às cegas" sem saber quem ela era, porque nas HQs tivemos incontáveis historias com a Batgirl antes da Piada Mortal. MAS o jeito que ela foi tratada é totalmente errado, todo o impacto de sua carreira como vigilante acabando num piscar de olhos desapareceu, porque uma semana antes do Coringa atirar nela, a mesma se demitiu.

 Sem contar que toda a trama envolvendo a Batgirl e o mundo dela como bibliotecária ficaram fracos demais. Ela tem um amigo gay, que fala com uma voz super exagerada e só conversa sobre homens. Qual é, além de estereotipado, isso é ofensivo, coisas de filmes dos anos 90 pra baixo. Não o suficiente, temos o pior vilão já escrito numa animação da DC, o mafioso e (tedioso) aleatório Paris, que não além disso tudo, faz uma piada sobre menstruação pra cima da heroína.


 No filme, pareceu que a historia do passado do Coringa foi colocada para comer tempo dentro da trama. Além da qualidade da animação dos flashbacks ser meio feia, sabe-se lá porque. Não temos uma boa introdução, tudo acontece rápido demais e ao sabermos da morte da esposa do futuro vilão, não temos nenhuma música, emoção ou impacto. Além do mais, os flashbacks atrapalharam um pouco o ritmo do filme.

 A piada final, o famoso discurso do Coringa, é feito de forma tão rápida que parece que estavam ansiosos para terminar o filme. Aliás, toda a parte de quando Batman chega para confrontar o Coringa foi feita de maneira desleixada e sem capricho. Novamente, faltou emoção e impacto.

 O final fatídico que mostra a silhueta dos dois na chuva e deixa a dúvida: "Batman matou ou não o Coringa?" foi totalmente tesourado, tornando a conclusão bastante anti-climática e apressada.

 Claro, o filme tem coisas boas. Todas as vozes são excelentes (detalhe para o retorno de Kevin Conroy como Batman e Mark Hamill como Coringa) e em algumas vezes a animação realmente mostrou qualidade.


 Mas num geral... se teve uma coisa que este filme provou, é que algumas obras realmente não devem sair do papel, não capturaram o tom e muito menos o impacto emocional da HQ. E a Babs merece MUITO mais do que fizeram com ela, se for pra fazer algo direito, que façam um filme com ela protagonizando. Batman: A Piada Mortal merece uma nota 5 de 10... e talvez esteja sendo bonzinho.

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